Desafios na gestão de biorresíduos: Desempenho dos sistemas de gestão de resíduos urbanos do Alentejo e Algarve

Abstract

O objetivo do presente trabalho consistiu em avaliar os Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos (SGRU) da região do Alentejo e Algarve (Ambilital, AMCAL, Ecolezíria, Gesamb, ResiAlentejo, Valnor e ALGAR), com enfoque no desempenho das instalações de tratamento de biorresíduos e na sua capacidade para responder aos próximos desafios impostos pela regulação comunitária. Biorresíduos são os resíduos biodegradáveis provenientes de diferentes origens. A gestão correta dos biorresíduos pode desempenhar um papel importante na transição para uma economia circular, incentivando a diminuição da produção de resíduos e capturando o seu potencial como fonte de recursos secundários valiosos. Foi utilizado o Relatório Anual de Resíduos Urbanos (RARU2021), como principal fonte de informação sobre os dados apresentados pelos SGRU. De acordo com o PERSU 2030, com exceção da AMCAL, todos os sistemas apresentam potencial de implementação de recolha seletiva de biorresíduos, entre os 21% e 82%, no entanto, o trabalho realizado permitiu concluir que, em todos os SGRU, a recolha seletiva dos biorresíduos é praticamente inexistente (abaixo dos 3%), o que se reflete em valores de compostagem muito baixos e quantidades de resíduos depositados em aterro muito elevadas. O RARU não apresenta a quantidade de biorresíduos que são encaminhados para a compostagem, os quais foram estimados neste trabalho. Verificou-se uma discrepância dos valores apresentados no RARU e os valores obtidos, no que diz respeito à percentagem de resíduos enviados para compostagem. Os SGRU estudados encontram-se muito distantes de atingir as metas estabelecidas, principalmente a referente à deposição em aterro de resíduos urbanos e à valorização orgânica e multimaterial, que estão fortemente interligadas, precisando assim de tomar medidas urgentes para a valorização dos biorresíduos de modo a atingirem as metas estabelecidas pelo PERSU2030.