Atividade física, composição corporal, satisfação com a vida e sintomas depressivos: Um estudo em estudantes do ensino superior

Abstract

Enquadramento: Face ao problema da inatividade física ser considerada um dos principais fatores de risco para a mortalidade a nível mundial, esta dissertação tem como o objetivo geral caracterizar os comportamentos de saúde e imagem corporal dos estudantes do ensino superior e a sua influência nos sintomas depressivos e satisfação com a vida. Como objetivos específicos pretendemos: (i) caracterizar diferentes indicadores de saúde – atividade física (AF), composição corporal, satisfação com a vida e saúde mental dos alunos do Instituto Politécnico de Beja; (ii) identificar os comportamentos de saúde que estão associados a sintomas depressivos moderados a alto em estudantes do ensino superior; (iii) avaliar a satisfação com a imagem corporal e aferir a sua relação com a satisfação com a vida e comportamentos relacionados com os estilos de vida. Metodologia: A amostra do estudo I “Indicadores de um "campus saudável": compreender para intervir” é constituída por 106 participantes 52,8% do género masculino com idades compreendidas entre 18 e os 30 anos. Os participantes frequentam o Instituto Politécnico de Beja sendo que 80,2% são da Escola Superior de Educação, 17,9% da Escola Superior de Saúde e 1,9% da Escola Superior Agrária. No estudo II, “Health behaviours associated with depressive symptoms in higher education student” e no estudo III, “(In)Satisfação com a imagem corporal, estilos de vida e satisfação com a vida em estudantes do ensino superior”, participaram 166 estudantes do Ensino superior onde 58.4% são do género masculino e os restantes do género feminino, com idades compreendidas entre 18 e os 45 anos (21.57±4.3). Os estudantes frequentam Cursos Técnicos Superiores (31.93%) e Licenciaturas, nas Escolas de Educação (58.4%), Agrária (1.2%) e Saúde (40.4%). Para realizar a avaliação do nível de AF foi utilizado o questionário IPAQ. O estilo de vida ativo foi avaliado recorrendo ao Activity Choice Index. Para a composição corporal foi utilizado a avaliação do peso, altura e calculado o Índice de Massa Corporal (IMC). A imagem corporal foi avaliada com base no Figure Rating Scale. A satisfação com a vida foi avaliada através da Satisfaction With Life Scale (SWLS). A saúde mental foi avaliada através da versão portuguesa da VIII escala Patient Health Questionnaire-9. Os dados foram exportados para Excel, onde se realizou a sua verificação e limpeza. A análise de dados foi realizada com recurso ao programa IBM SPSS 28. A estatística descritiva foi apresentada sob a forma de média e desvio-padrão ou frequência absolutas e relativas. A comparação entre sexos foi conduzida com recurso ao teste t de student e teste do Qui-quadrado. O teste One-way ANOVA e o teste do Qui-quadrado foram utilizados para comparar as categorias da imagem corporal (“satisfeito”, “satisfeito por magreza” e “satisfeito por excesso de peso”) no que respeita à satisfação com a vida, horas de sono, Active Choice Index e consumo de álcool e tabaco. Em todos os testes foi utilizado um nível de significância de 5%. Resultados: No primeiro estudo, 23% dos participantes apresentam um nível baixo a moderado (BM) de AF e 76,4% apresentam um nível elevado (El). Ao nível do estado nutricional, 72,6% apresentam um peso normal e 27,4% excesso de peso ou obesidade. Os participantes com o nível de AF elevado exibem, em média, uma maior perceção de satisfação com a vida (BM: 17,4±2,6; El: 17,5±3,7; p0,05). Os participantes com o nível de AF baixo a moderado apresentam, em média, sintomas depressivos mais elevados que os alunos com o nível de AF elevado (p<0,05). No estudo dois, 24,1% dos estudantes apresentam sintomas depressivos moderados a graves. Numa análise por género, verificamos que as raparigas passam, em média, menos tempo sentadas que os rapazes (p<0,001). Alunos com sintomas depressivos moderados a grave apresentam, em média, mais tempo sentado (p=0,018) e menos tempo de sono durante dias úteis (p=0,005). No terceiro estudo, em média, o score de satisfação com a vida foi de 17.28 (±3.56), numa pontuação de 0 a 30. Quanto à satisfação com a imagem corporal, 42.2% indicou estar insatisfeito por excesso de peso. As raparigas apresentaram valores médios mais elevados para a imagem corporal percebida (3.03±1.33) e a maioria dos rapazes revela estar satisfeito com a sua imagem corporal (50.70%). Por sua vez, a maioria das raparigas revela estar insatisfeita por excesso de peso (55.70%). Foi também possível averiguar que os indivíduos IX insatisfeitos por magreza são os que dormem em média mais horas ao fim-desemana. Conclusões: Através dos estudos realizados, verificamos que os estudantes que apresentam um estilo de vida mais saudável, maior nível de atividade física e cumprimento das recomendações de sono, aparentam ter menos sintomas depressivos comparativamente aos estudantes que exibem comportamentos menos saudáveis.